O Chihuahua Anão

Acabou de sair (em julho de 2020), no meio da pandemia, meu livro mais recente, O Chihuahua Anão, um livro de crônicas antropológicas derivadas de posts de um blog que mantive no ar entre 2009 e 2016. São textos de escrita muito livre e dinâmica, uma certa dose de humor e muita acidez.

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A Antropologia é uma ciência, um ofício, uma arte. Mas, antes de tudo, a Antropologia é um olhar, é uma forma de perceber o que acontece à nossa volta e de tentar entender a complexidade disso tudo. Às vezes, são coisas que acontecem bem longe; às vezes, bem perto, dentro de casa, dentro da gente. E a Antropologia nos ajuda a não deixarmos essas coisas passarem batido, a não nos acostumarmos rápido demais com elas e nem engolirmos a seco esquisitices que nos chegam. Prestar atenção, dirigir perguntas, comparar situações, perceber detalhes, entender contextos, ensaiar explicações – são todas ferramentas que aprendemos a usar em nossas pesquisas, nas salas de aula e também, felizmente, na vida cotidiana.

Este novo livro faz tudo isso. É um convite para calçar os sapatos de um antropólogo, colocar os óculos que ele usa, sentir à flor de sua pele. O chihuahua anão pode servir para públicos mais amplos, que nada têm de acadêmicos, mas que podem se aproveitar de um mirada antropológica para sacudir umas verdades muito caras ou muito sólidas que geralmente carregam. O livro pode ser usado, por exemplo, como um manual para Introdução à Antropologia ou um repertório para aulas de Metodologia das Ciências Sociais, já que apresenta várias das ferramentas que usamos para interpretar os fatos. E ainda pode ajudar a incomodar a Antropologia daqueles acomodados demais porque propõe uma escrita direta, acessível, irônica e poética – tudo ao mesmo tempo. O autor diria rústica, eu diria emocionante.

Esta polivalência do livro se deve, primeiro, ao formato dos textos. Foram escritos, originalmente, como posts de um blog, quer dizer, tamanho diminuto e destino público. São crônicas, drops, mensagens dentro de garrafas atiradas ao oceano virtual. Essa é a força do livro, um grande conjunto de pequenos escritos, sempre com ideias, perguntas e sacolejos sobre o século XXI. Em dez minutos de leitura, quer seja naquele trajeto de ônibus ou esperando ferver a água do café, saímos transformados e, ao levantarmos os olhos do texto, vemos o mundo de um jeito um pouco diferente.

E, segundo, o livro também deve sua potência ao ponto de vista adotado. De dentro dos sapatos, óculos e pele deste antropólogo, Igor Machado nos permite conhecer o que capta sua atenção e como entende estas coisas. Não apenas os temas reunidos no livro – políticas indigenistas, autores clássicos e contemporâneos da área, a sua paternidade ou o shopping da sua cidade –, mas a forma de reunir estes temas é interessante. Ele junta Lévi-Strauss com brinquedos de criança, Copa do Mundo com migração, a COVID-19 e a louça do café da manhã, sexo e HQ. Parte da sua experiência pessoal, lança comentários sobre a vivência coletiva. Mesmo quando a Antropologia não é mencionada explicitamente, com seus livros e autores, ela está ali, num comentário inesperado, numa análise inovadora, numa reviravolta chocante. Machado, com seus chihuahuas e suas anti-heroínas, nos leva para dentro da sua vida e, ao mesmo tempo, nos convida para fora dela, para conhecer um outro enorme conjunto de coisas, gentes, reflexões. É leve, rápido, espirituoso. Mais importante, é livre. Não está apenas latindo para o mundo, ele está latindo sobre este doido mundo.

Soraya Fleischer
Brasília, inverno de 2020

Veja uma reportagem sobre o livro aqui

Cárcere Público: processos de exotização entre brasileiros no Porto

Publiquei o livro “Cárcere Público: processos de exotização entre brasileiros no Porto”, pela editora do ICS de Lisboa (Imprensa de Ciências Sociais), em junho de 2009. Ele é uma versão da minha tese de doutorado, defendida em 2003, na UNICAMP.

O livro trata da imigração brasileira no Porto a partir de uma perspectiva sofisticada e amplamente crítica. Entrelaçando um conjunto articulado de conceitos como “jogo da centralidade”, “subordinação activa” e “identidade-para-o-mercado”, o autor procura reflectir a respeito de uma experiência marcada pela intensidade dos estereótipos portugueses sobre os brasileiros. A análise expõe uma dinâmica intensa da relação entre esses estereótipos e a produção de identidades brasileiras no Porto, que dá nome ao livro: o processo de exotização. Esse processo ilustra como os estereótipos são articulados pelos brasileiros e em que medida passam a integrar visões de mundo e estruturar relações políticas entre a população migrante.

Imprensa de Ciências Sociais (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa) / Data de Publicação: 01-06-2009 / Nº de Páginas: 256 /ISBN: 978-972-671-244-2

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Resenhas

Aqui uma resenha do livro, escrita por Douglas Mansur e publicada na Mana (Rio de Janeiro)

Aqui outra resenha, escrita por Beatriz Padilla e publicana da Etnográfica (Lisboa)