Guilherme Lima

Retornando da China: Migração Brasileira entre Dongguan e Vale dos Sinos

O projeto busca analisar a migração de retorno de brasileiros da China, especificamente da cidade de Dongguan, no sul do país asiático. Oriunda da indústria coureiro-calçadista do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul, a imigração brasileira para a China tem início na década de 1990 a partir do fechamento de fábricas brasileiras, resultado das crises do setor. A comunidade brasileira em Dongguan manteve-se estável até 2020, ano da pandemia de COVID-19. Com as políticas sanitárias de confinamento e demissões em massa, muitos brasileiros retornaram de Dongguan. Pretendemos refletir, a partir do trabalho de campo, sobre as dimensões do retorno e seu impacto na vida dos migrantes brasileiros, sobretudo através de relatos sobre o tempo vivido na China e os contornos da construção da diferença no país asiático, tal como os estranhamentos e familiaridades no retorno ao país de origem. Além disso, de modo a situá-lo, será preciso articular o processo migratório em questão ao campo teórico-conceitual da antropologia da migração e examinar a historicidade da região do Vale do Rio dos Sinos e sua inserção no mercado coureiro-calçadista nacional e internacional e, finalmente, avaliar a competitividade dos mercados chineses e seu impacto na indústria coureiro-calçadista brasileira

Antropologia da Memória

A memória como um campo etnográfico. Antropologia ex post facto.

“O campo é um momento que existe na memória,
que aparece como mágica a cada linha que escrevemos sobre ele”.

Neste livro, Igor Machado olha meticulosamente para o seu passado, o transforma em trabalho de campo e propõe realizar uma antropologia ex post facto. É um esforço retrospectivo para definir quem foram os interlocutores, sobre o que trocaram e o que foi, afinal, aquele empreendimento de pesquisa.
Ele dissolve as fronteiras entre “eu”/“outro”, “dentro”/“fora”, “casa”/“campo”, “campo”/“não campo”, “tempo”/”espaço”. Mais do que isso, ele propõe um embaralhamento entre vida e antropologia para produzir conhecimento sobre as esferas do vivido.
Sem nunca ser um manual, este é um livro sobre métodos de pesquisa. Uma discussão que começa em nossas memórias íntimas e, numa aventura arrojada, amplia lindamente os limites da etnografia. (Texto de Soraya Fleischer)