MIGRAÇÃO, CUIDADOS E ESTEREÓTIPOS: BRASILEIRAS EM PORTUGAL
A pesquisa propõe compreender as relações laborais e os estereótipos que atravessam a experiência de mulheres brasileiras migrantes que atuam como cuidadoras de idosos em Portugal, analisando as múltiplas formas de opressão que essas mulheres enfrentam. Com o aumento da feminização das migrações, o trabalho relativo ao cuidado levanta reflexões, pois é frequentemente tratado como algo natural e inato da mulher, não resultante de formação profissional, mas sim de um suposto “instinto”, reforçando sua vinculação à imagem do feminino (HIRATA 2009). A emigração brasileira para Portugal, em especial após 2014, é heterogênea e apresenta diversos perfis e inserções laborais, porém, observa-se uma tendência em relação aos setores de trabalho ocupados, como atendimento ao público, limpeza e cuidados, este último, particularmente, recaindo sobre mulheres imigrantes, (GOMES, 2013) sendo frequentemente empregos desvalorizados e alvos de exploração. Diante desse cenário, a pesquisa também busca analisar como gênero, nacionalidade e condição migratória se interseccionam e moldam as trajetórias dessas mulheres, desde a sua inserção laboral até o acesso a direitos e cidadania.