Núcleo de Estudos Japoneses

Fundado como subgrupo do LEM e coordenado por Victor Hugo Kebbe, o Núcleo de Estudos Japoneses congrega pesquisadores cujas linhas temáticas orbitam o Japão e as infinitas japonesidades. A característica do grupo reside em fortes laços com a Antropologia Social, com pesquisas concluídas e outras em andamento que visam dar conta dos fluxos migratórios entre Brasil e Japão.

Atualmente o grupo conta com pesquisadores em vários estágios de formação, com pesquisadores realizando pesquisas de campo no país, no Japão e na França. Alguns dos principais resultados das pesquisas realizadas pelo grupo encontram-se publicados no livro Japonesidades Multiplicadas – Novos estudos sobre a presença japonesa no Brasil, organizado por Igor José de Renó Machado.

Pesquisas em andamento

Nenhuma pesquisa em andamento

Pesquisas já realizadas

Victor Hugo Kebbe (Pós-Doutorado) – Quando os mortos chamam – Parentesco, Imigração e Religião vistos nas práticas da Yuta no Brasil No estudo das itako Ellen Schattschneider apresenta uma complexa relação entre parentesco, religiosidade, transmigração e cosmologia que coloca pelo parentesco o contato do mundo dos vivos com o mundo dos mortos em Tohoku, Japão. Verificamos que o xamanismo okinawano realizado pelas yuta – médiuns que atuam em Okinawa, Japão e Brasil – operam dentro de lógica similar ao unir dois planos bem distintos, tendo os mortos um papel fundamental e ativo na vida dos vivos. As yuta introduzem e ressignificam percepções de parentesco okinawano que liga os vivos com seus ancestrais, existindo a possibilidade de inflexão dos mortos sobre seus parentes. Falhas com o culto aos antepassados geram problemas de ordem estrutural na família, inclusive entre famílias de descendentes de okinawanos vivendo no Brasil que há muito já se dizem desprendidas da “cultura” e “tradição” okinawanas. Pretende-se com esta pesquisa estudar a prática das Yuta entre as famílias de descendentes de okinawanos na cidade de São Paulo, visando justamente compreender as maneiras como o parentesco é repensado dentro desta complexa relação entre imigração japonesa, parentesco e religiosidade. Status: em andamento.

Gil Vicente Lourenção (Doutorado) – O espírito japonês: atualizações, proximidades e distâncias para uma analítica da relacionalidade. Em minha pesquisa de mestrado, avaliei a esgrima japonesa enquanto um dispositivo de japonesidade, ou seja, uma máquina que buscava fabricar “japoneses” – fossem descendentes ou não. Neste processo de fabricação, o kendo focava três planos intimamente conectados: o espírito, a espada e o corpo. Enquanto desenvolvimento do projeto precedente, pesquisamos a posição do Ki – energia – na pesquisa de doutorado, visto que guarda as maiores potencialidades – teóricas e analíticas – para estudos de parentesco e família japonesas, incluindo processos de reconhecimento intra-inter-culturais. Status: em andamento.

Érica Rosa Hatugai (Doutorado) – O “mestiço” e suas composições. A mestiçagem entre nipônicos e não-nipônicos. Esta pesquisa objetiva etnografar os símbolos da mestiçagem de nipônicos e não-nipônicos a partir das teorias nativas desenvolvidas pelos “mestiços” e as famílias mistas,na cidade de Marília (SP). Entre os descendentes de japoneses no Brasil, “mestiço” é uma categoria nativa utilizada para designar os filhos das uniões de nipônicos com não-nipônicos. Comumente, o “mestiço” é entendido como uma composição de símbolos, tais como o “sangue japonês”, a corporalidade “mestiça”, os seus ditos modos “brasileiros” e seus domínios da “tradição japonesa”. Partindo desse modelo nativo de análise, pretende-se, então, compreender como as noções de corpo e substância participam na elaboração dessa pessoa “mestiça”. Por conta da bibliografia escassa sobre casamentos mistos e a mestiçagem na imigração japonesa no Brasil, objetiva-se analisar as concepções nativas acerca mestiçagem e os significados de ser “mestiço” para esses sujeitos e suas famílias. Status: em andamento.

Paula Sayuri Yanagiwara. Japonesidades e estereótipos por meio de um olhar antropológico sobre a tatuagem por tatuadores nipodescendentes. Este projeto de pesquisa se propõe a estudar as maneiras com que tatuadores nipodescendentes, em sua prática profissional, têm de lidar com questões relacionadas a estereótipos formulados acerca de sua imagem enquanto nipodescendentes. Busca-se compreender de que formas, no plural, tatuadores nipodescendentes no Brasil olham o processo do tatuar(-se), como o compreendem, passando à indagação, mais específica, de se e como a tatuagem produzida por esses tatuadores é perpassada por esses estereótipos e, ainda, se essas construções do imaginário coletivo sobre os japoneses e seus descendentes formam o que se chama de “identidade japonesa”. Como objetivos, procuro entrever as lacunas e os limites das abordagens sobre a “identidade” quando pensadas na prática da tatuagem por tatuadores nipodescendentes, entender as compreensões próprias desses tatuadores sobre sua prática e sobre as representações de uma “cultura japonesa” em suas artes.

Nadia Luna Kubota (Doutorado) – Okinawanos e não-okinawanos em Campo Grande/MS – Relações e Famílias. A partir da década de 1980, um novo movimento migratório iniciou-se no Brasil: o chamado “movimento dekassegui”, em que descendentes dos imigrantes japoneses no país, dirigiram-se à terra de seus antepassados, normalmente como trabalhadores em fábricas (no caso dos homens) e no trabalho doméstico (no caso das mulheres) buscando, em principio, o mesmo sonho que trouxe seus pais e avós ao Brasil. Em grande número de casos, foram sozinhos, ou como casais, deixando seus filhos com parentes, como avós e tios. A partir dessa “dissolução” familiar, muitos jovens foram aos poucos, criando novos laços de parentesco – “relacionalidades”, a partir da proposta de Janet Carsten – que consistem na identificação de então amigos (geralmente também filhos de “dekasseguis”), como “irmãos” e “primos”, visto que os avós e tios, nem sempre forneciam o modelo de parentesco que procuram ou necessitam. Verifica-se que algumas “famílias” que “ficam” (os filhos e eventualmente a mãe) acolhem esses novos membros como “seus”, satisfazendo suas necessidades enquanto familiares, exercendo de certa forma, o papel dos “parentes ausentes”. Nesse sentido, a presente pesquisa procurará analisar como se constroem essas novas famílias e “relações de parentesco” (relacionalidades) em Campo Grande-MS, e como as tradições japonesas podem interferir e influenciar nesse processo de re-configuração familiar. Status: em andamento.

Fábio Ricardo Ribeira (Mestrado)Sexy & Cool: O Exótico Domesticado. O trabalho procura desenvolver algumas reflexões sobre a construção da identidade sexuada dos nipo-descendentes homossexuais masculinos no Brasil, relacionando a questão homossexual à questão étnica, acreditando que este movimento possa ser produtivo à medida que revela uma homossexualidade marcada por uma “moral nipônica” e a construção de uma masculinidade que tenta ser operacionalizada entre chaves diversas, uma gay e outra étnica. Status: concluída

Paulo Hayashi: Afro-asiáticos no Brasil (Mestrado.) I will present the similarities between the experiences of Afro-Asians in Japan and Brazil, scrutinizing the globally widespread processes of racialization, bringing in the intersectionality of issues of gender and race, identity and standards of beauty; I will address the hypermasculinization of black, Afro-descendant men and the emasculation of yellow, Japanese-descendant and Asian-descendant men. Are the stereotypes that fall on the Afro-Asian a mix of stereotypes already widespread about Asians and blacks on national soil? These representations will be approached by bringing in Edward Said and Frantz Fanon, the readings on black masculinity by anthropologist Mara Viveiros Vigoya, who uses the work of Raewyn Connell as her main guide; I will bring up reflections on Afro-Asianity by bringing in the contributions of Igor Rennó Machado, and his idea of Japaneseness present in the Laboratory of Migration Studies (LEM). Through ethnography developed in cyberspace in the “Afro-Asians Brazil” group, I shed light on issues relating to race, racism, gender, masculinity and identity. I get in touch with this sociability network through virtual interviews with members, investigating their conceptions of these notions.

Leia mais:

Notícia sobre o Núcleo de Estudos Japoneses – LEM no Jornal Memai