Um Mar de Identidades: a imigração brasileira em Portugal

Igor José de Renó Machado (org.) (2006), Um Mar de Identidades. A Imigração brasileira em Portugal, EdUFSCar.

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O livro Um Mar de Identidades. A Imigração Brasileira em Portugal, publicado no Brasil em 2006 e organizado por Igor José de Renó Machado (Universidade Federal de São Carlos, CEMI/Unicamp), reúne um conjunto de textos de investigadores do Brasil e de Portugal que aqui abordam diferentes temas e dimensões de análise sobre a imigração brasileira em Portugal. Acolhimento e integração de imigrantes recém-chegados, mercado de trabalho, legislação de estrangeiros em Portugal, política de imigração, estereótipos e preconceito, experiências migratórias, imigrantes brasileiras em Lisboa, crenças, religiosidade e sociabilidades são algumas das questões abordadas na presente colectânea de textos

Apresentação

“O Brasil, um país de imigrantes historicamente, tornou-se também exportador de emigrantes mundo afora. No contexto dessa transformação, esta coletânea de textos, de autoria de jovens pesquisadores do Brasil e de Portugal, apresenta, por meio de múltiplos ângulos, temas e perspectivas analíticas, um amplo panorama da imigração brasileira no Portugal pós-colonial. Para além de discernir as variedades e especificidades dessas experiências brasileiras em Portugal, esta coletânea fornece subsídios comparativos para um retrato das migrações internacionais na atualidade.”

Veja aqui uma resenha do livro

Índice

Introdução
Igor José de Renó Machado

Integração dos “imigrantes brasileiros recém-chegados” na sociedade portuguesa: problemas e possibilidades
Beatriz Padilla

Imigrantes brasileiros e mercado de trabalho em Portugal
João Peixoto e Alexandra Figueiredo

A legislação de estrangeiros em Portugal: a situação dos cidadãos brasileiros
Paulo Manuel Costa

Encontros, alianças e desencontros: partidos, associações de imigrantes e o Estado português nos embates em torno da política para imigrantes
Gustavo Adolfo P. Daltro Santos

Sem lenço, sem documento: brasileiros não-documentados em Portugal
Sergio P. Oliveira

PIZZA sabor identidade: brasileiros evangélicos em um restaurante na Costa da Caparica
Kachia Téchio

Emoções fora do lugar: negociando amizade em Lisboa
Ângela Torresan

Estereótipos e encarceramento simbólico no cotidiano de imigrantes brasileiros no Porto
Igor José de Renó Machado

Mulheres imigrantes brasileiras em Lisboa
Luciana Pontes Pinto

Tensões na experiência migratória de brasileiros em Portugal
Maria Boas

Expansão e choque: a Iurd em Portugal
Guilherme Mansur Dias

O Chihuahua Anão

Acabou de sair (em julho de 2020), no meio da pandemia, meu livro mais recente, O Chihuahua Anão, um livro de crônicas antropológicas derivadas de posts de um blog que mantive no ar entre 2009 e 2016. São textos de escrita muito livre e dinâmica, uma certa dose de humor e muita acidez.

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A Antropologia é uma ciência, um ofício, uma arte. Mas, antes de tudo, a Antropologia é um olhar, é uma forma de perceber o que acontece à nossa volta e de tentar entender a complexidade disso tudo. Às vezes, são coisas que acontecem bem longe; às vezes, bem perto, dentro de casa, dentro da gente. E a Antropologia nos ajuda a não deixarmos essas coisas passarem batido, a não nos acostumarmos rápido demais com elas e nem engolirmos a seco esquisitices que nos chegam. Prestar atenção, dirigir perguntas, comparar situações, perceber detalhes, entender contextos, ensaiar explicações – são todas ferramentas que aprendemos a usar em nossas pesquisas, nas salas de aula e também, felizmente, na vida cotidiana.

Este novo livro faz tudo isso. É um convite para calçar os sapatos de um antropólogo, colocar os óculos que ele usa, sentir à flor de sua pele. O chihuahua anão pode servir para públicos mais amplos, que nada têm de acadêmicos, mas que podem se aproveitar de um mirada antropológica para sacudir umas verdades muito caras ou muito sólidas que geralmente carregam. O livro pode ser usado, por exemplo, como um manual para Introdução à Antropologia ou um repertório para aulas de Metodologia das Ciências Sociais, já que apresenta várias das ferramentas que usamos para interpretar os fatos. E ainda pode ajudar a incomodar a Antropologia daqueles acomodados demais porque propõe uma escrita direta, acessível, irônica e poética – tudo ao mesmo tempo. O autor diria rústica, eu diria emocionante.

Esta polivalência do livro se deve, primeiro, ao formato dos textos. Foram escritos, originalmente, como posts de um blog, quer dizer, tamanho diminuto e destino público. São crônicas, drops, mensagens dentro de garrafas atiradas ao oceano virtual. Essa é a força do livro, um grande conjunto de pequenos escritos, sempre com ideias, perguntas e sacolejos sobre o século XXI. Em dez minutos de leitura, quer seja naquele trajeto de ônibus ou esperando ferver a água do café, saímos transformados e, ao levantarmos os olhos do texto, vemos o mundo de um jeito um pouco diferente.

E, segundo, o livro também deve sua potência ao ponto de vista adotado. De dentro dos sapatos, óculos e pele deste antropólogo, Igor Machado nos permite conhecer o que capta sua atenção e como entende estas coisas. Não apenas os temas reunidos no livro – políticas indigenistas, autores clássicos e contemporâneos da área, a sua paternidade ou o shopping da sua cidade –, mas a forma de reunir estes temas é interessante. Ele junta Lévi-Strauss com brinquedos de criança, Copa do Mundo com migração, a COVID-19 e a louça do café da manhã, sexo e HQ. Parte da sua experiência pessoal, lança comentários sobre a vivência coletiva. Mesmo quando a Antropologia não é mencionada explicitamente, com seus livros e autores, ela está ali, num comentário inesperado, numa análise inovadora, numa reviravolta chocante. Machado, com seus chihuahuas e suas anti-heroínas, nos leva para dentro da sua vida e, ao mesmo tempo, nos convida para fora dela, para conhecer um outro enorme conjunto de coisas, gentes, reflexões. É leve, rápido, espirituoso. Mais importante, é livre. Não está apenas latindo para o mundo, ele está latindo sobre este doido mundo.

Soraya Fleischer
Brasília, inverno de 2020

Veja uma reportagem sobre o livro aqui